
Eletroconvulsoterapia (ECT)
O que é eletroconvulsoterapia (ECT)?
A ECT é um procedimento terapêutico eficaz e seguro, baseado na estimulação neuronal por meio de pulsos elétricos de curto período de tempo, a fim de induzir uma crise convulsiva generalizada.
Como é realizada a ECT?
Nossa equipe realiza a ECT em ambiente ambulatorial, seguindo todas as normas de segurança preconizadas pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), pela AMB (Associação Médica Brasileira) e pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O procedimento é realizado por equipe treinada de médicos psiquiatras, médicos anestesiologistas e enfermeiros. O paciente recebe anestesia geral e um relaxante muscular, para que não ocorra contrações indesejadas no corpo. Durante todo o tratamento, os sinais vitais e clínicos do paciente são monitorados, e o paciente recebe alta logo após o procedimento, retornando para casa no mesmo dia.
O tratamento é totalmente seguro e a taxa de mortalidade é de 2 a 10 a cada 100 mil pacientes, a mesma se comparada ao risco de morte por anestesia em procedimentos gerais.
Como surgiu a ECT?
Na década de 1930, a psicoterapia era o único tratamento disponível para os transtornos psiquiátricos. Na época, observou-se que, ao sofrerem uma convulsão, os pacientes portadores de esquizofrenia apresentavam alguma melhora nos sintomas da doença. A partir desta observação, diversas pesquisas surgiram sobre formas de indução de convulsões.
Em 1938, os neuropsiquiatras Ugo Celetti e Lúcio Bini realizaram pela primeira vez um procedimento no qual uma corrente elétrica era aplicada no cérebro de um paciente esquizofrênico. Na época, eles conseguiram reduzir o risco de suicídio a quase zero, a partir da remissão dos sintomas psiquiátricos. Por isto, nesta época em que praticamente inexistia medicamentos psiquiátricos, a ECT tornou-se um dos principais métodos de tratamento para esquizofrenia e transtornos de humor. A este tratamento deu-se o nome de eletrochoque ou eletroconvulsoterapia (nome atual).
Por que se faz tanta polêmica em relação a ECT?
Primeiramente, a falta de informação, levando ao preconceito e ao temor. Segundo, o antigo método de aplicação, sem anestesia, causando uma cena aversiva.
Além disso, as abordagens sensacionalistas em filmes, novelas e séries de convulsão por estímulo elétrico como meio de punição, também influenciaram de forma negativa a opinião das pessoas.
Quando a ECT é indicada?
A ECT é indicada em casos de:
1) Depressão unipolar ou bipolar;
2) Mania;
3) Esquizofrenia.
É também uma alternativa para pessoas que não possam fazer uso medicamentoso ou são resistentes à medicação. O tratamento também pode ser indicado para outras doenças após a avaliação do médico psiquiatra.
Quais são os benefícios da ECT?
Nos casos de episódios depressivos primários, ou seja, que não tem uma causa detectável e ausência de outras doenças psiquiátricas, a taxa de remissão estimada é em torno de 80 a 90%. Em pacientes com diagnóstico de mania, há melhora nos psicóticos e pouca resposta para sintomas de raiva e irritabilidade. Além disso, nos esquizofrênicos ocorre melhora nos sintomas afetivos, catatônicos, psicóticos graves, agitação psicomotora e na resistência medicamentosa.
Quais são as contraindicações da ECT?
Não há contraindicação absoluta. Os riscos e os benefícios do procedimento devem ser considerados assim como o manejo das doenças associadas.
A ECT pode ser feita em gestantes, idosos, crianças e adolescentes?
1) Gestantes
Sim, o uso da ECT em gestantes é eficaz e seguro tanto para a mãe quanto para o feto. O tratamento deve ser considerado principalmente nos casos em que ocorra restrições medicamentosas ou falha terapêutica da medicação psicotrópica.
2) Idosos
Sim, a indicação da ECT em idosos segue as mesmas condições de pacientes adultos.
3) Crianças e Adolescentes
Sim, porém a literatura médica ainda é controversa. É necessário observar a severidade e persistência dos sintomas e a falha ou resistência à medicação.
Quanto tempo leva para a ECT fazer efeito?
As sessões são realizadas de 2 a 3 vezes por semana, levando em média de 8 a 12 sessões para apresentar seus efeitos terapêuticos, podendo exigir esquemas de manutenção.
Quais os possíveis efeitos colaterais da ECT?
• Cefaléia, náuseas e dores musculares, resolvidas com uso de analgésicos após a sessão da ECT;
• Arritmias cardíacas, geralmente leves e transitórias, que podem ser prevenidas com aumento de medicação anticolinérgica como a atropina;
• Efeitos colaterais neurológicos de curto prazo: confusão mental e delirium, geralmente autolimitados;
• Prejuízo de memória anterógrada, que tende a desaparecer dentro de dias ou semanas após descontinuação da ECT;
• Prejuízo de memória retrógrada, que tende a ser menor com o uso de pulso breve ou ultra breve, presentes nos novos aparelhos, espaçamento das sessões e mudança na colocação dos elétrodos.
O que é necessário para a realização da ECT?
Encaminhamento por escrito do médico responsável com hipóteses diagnósticas, CID, medicações em uso e comorbidades;
Consulta pré-ECT para:
2.1- Esclarecimento do procedimento;
2.2- Solicitações de exames laboratoriais como hemograma, eletrólitos, coagulograma, RX tórax, TC ou RNM crânio, avaliação cardiológica, pré-anestésica, neurológica, conforme necessidade individual de cada paciente;
2.3- Consentimento informado.
Caso esteja em dúvida sobre este procedimento, os profissionais da equipe Biomente estão à disposição para explicar as etapas do tratamento e responder suas dúvidas. Não hesite em nos contatar.